O Facebook é considerado “Too powerful” e começa a ser atacado pelo governo dos EUA. E agora?.
Acabei de ler “Facebook: The Inside Story”. O livro mostra como o Facebook foi criado e como cresceu para ser uma rede de mais de 2,7 bilhões de usuários. Mostra os erros e acertos de várias decisões estratégicas e o estilo agressivo de comprar competidores antes que eles o ameacem, como foi com o Instagram e WhatsApp. Somando tudo, o grupo Facebook possui praticamente o monopólio de disseminação de informações. A discussão de romper este poder já estava permeando governos e sociedades.
O Facebook já estava sob crescente escrutínio regulatório nos Estados Unidos desde 2017, quando foi revelado que a empresa de dados políticos Cambridge Analytica havia coletado dados de usuários do Facebook sem consentimento, antes da eleição presidencial de 2016 nos Estados Unidos.
A FTC começou sua investigação sobre as políticas de privacidade do Facebook em março de 2018, o que resultou em uma multa de US $ 5 bilhões. Embora essa tenha sido a maior multa já aplicada a uma empresa de tecnologia, ela ainda representou apenas cerca de 9% da receita da empresa em 2018 — e foi duramente criticada porque não veio com condições que exigiam que o Facebook fizesse qualquer alteração às suas práticas de negócios.
Agora, parece que as ações efetivas estão começando. Duas ações judiciais simultâneas — uma da FTC e outra de um grupo de procuradores-gerais de 48 estados americanos, alegam que o Facebook é um monopólio social e que deveria ser obrigado a desinvestir o Instagram e o WhatsApp. Vejam em “FTC seeks to break up Facebook, alleging illegal monopoly”.
Por exemplo, a citação do processo dos estados aponta: “Por quase uma década, o Facebook teve poder de monopólio no mercado de redes sociais nos Estados Unidos. Conforme estabelecido nos detalhes abaixo, o Facebook mantém ilegalmente esse poder de monopólio ao implantar um sistema de compra de empresas como estratégia que impede a concorrência e prejudica usuários e anunciantes. “
A frase “rede social pessoal” é importante. Esse é o mercado em que o Facebook é acusado de ser um monopólio. O Facebook gostaria que seu concorrente fosse “a Internet” ou “todos os negócios de publicidade na Terra”, mas os processos estão definindo o mercado como “rede social pessoal”. É também por isso que o TikTok não é mencionado: ele não “é usado principalmente para se comunicar com amigos, família e outras conexões pessoais”, então não conta.
A amplitude e a força desses processos surpreenderam muita gente, até porque o anterior processo antitruste contra outra empresa de tecnologia, o Google, acabou sendo bastante restrito e específico. Esse processo contra o Facebook não é nenhuma dessas coisas: é uma repreensão total à maneira como o Facebook faz negócios. E mais, especificamente: a maneira como Mark Zuckerberg faz negócios.
Ambos os processos citam extensivamente os e-mails de Zuckeberg, nos quais ele diz coisas como “provavelmente sempre podemos comprar qualquer startup competitiva” e “uma coisa sobre startups … é que você pode adquiri-las com frequência”. Frases bombásticas, mas que agora se voltam contra o FB.
A alegação subjacente é que o Facebook nunca teria continuado a evoluir e vencer sem comprar ou esmagar concorrentes. Aqui, também, uma citação de Zuckerberg, de 2011: “Se o Instagram continuar a nos arrasar no celular ou se o Google os comprar, então, nos próximos anos, eles poderiam facilmente adicionar partes de seu serviço que copiam o que estamos fazendo agora, e se eles têm um número crescente de fotos de pessoas, então isso é um problema real para nós. “. Nessa linha, provavelmente o próximo alvo seria o Pinterest.
Toda uma geração de CEOs de startups adotaram como modelo o tom agressivo e direto de Zuckerberg. Se a ação realmente for para frente, o que claro, demorará alguns anos, e o FB for obrigado a se dividir em negócios independentes (FB, Instagram e WhatsApp) e ter que abrir de forma mais transparente as suas APIs para a sua rede social, isso pode abrir espaço para maior competição e surgirem alternativas? O estilo agressivo de fazer negócios do estilo FB deixará de ser o modelo de referência para startups?
O cenário futuro é indefinido. Hoje só podemos especular. Qual a opinião de vocês?